O lado sustentável e social das faculdades

Com a chegada dos resultados dos vestibulares, vemos pelo país todo futuros calouros comemorando a conquista animados, entretanto, muitas vezes aflitos com os possíveis trotes, levando-os até mesmo a desistir de uma possível vaga por medo do que lhes espera.

O Brasil, com alguns históricos de trotes violentos tanto em faculdades públicas como em particulares e a imagem deturpada ou mesmo preconceito com as faculdades, trotes e seus calouros é algo difícil de contornar, pois, mesmo atualmente com leis que proíbem tais ações, o receio e dúvida ainda persistem nos vestibulandos, com medo da história poder se repetir.

A fim de acabarem com este rótulo, as Universidades do Brasil acharam alternativas criativas, sociais ou mesmo sustentáveis aos trotes de antigamente. Hoje em dia, a Unicamp promove o chamado “Trote da Cidadania pelo Consumo Consciente”, onde estudantes organizam eventos relacionados ao consumo consciente, ações sociais e práticas sustentáveis, com palestras, visitas e atividades de integração, como idas à cooperativas de reciclagem, conscientização contra o desperdício de água, revitalização de hortas e construção de lixeiras com garrafas pet.

Na Unesp de Bauru criou-se o costume de promover ações sociais em sua recepção aos novatos. A RPjr, Empresa Junior de Relações Públicas, promove o “Trote Solidário” que tem como objetivo incentivar e possibilitar a doação de sangue por parte de voluntários que são levados ao hemocentro de Bauru., além de os incentivarem ao registro de medula óssea. Há também o Projeto Acordi, idealizado pela Comissão de Recepção dos Calouros de Relações Públicas 2011, com o qual visam à integração dos estudantes na comunidade, com doações de
alimentos entre outros itens a instituições bauruenses.

A troca dos trotes violentos e recepções humilhantes por ações sociais e voluntárias não somente estimula a integração dos indivíduos, o trabalho em grupo e o papel do estudante como cidadão ativo e transformador da própria sociedade, mas também ajuda no impacto à comunidade, pois em vez de verem calouros pedindo dinheiro e sujando o ambiente, os vêem cuidando da cidade, o que contribui para melhorar a imagem que existe dos universitários e criar uma nova tradição, desta vez, positiva.

Na FGV-SP a mesma idéia foi seguida. Ademar Bueno, que ensina sustentabilidade, coordenou o “Trote Sustentável”, que consiste no plantio de árvores, coleta de óleo usado e varrição das ruas próximas à faculdade. Além disso, em vez de os veteranos pintarem os recém chegados, foram os garis da cidade que tiveram tal responsabilidade. Segundo o docente, os calouros que participam deste tipo de trote são mais propensos a participarem de outras atividades sociais no decorrer do curso, criando uma cultura na faculdade.

Além dos trotes sociais, hoje em dia as faculdades vem se importando mais com seu lado sustentável também. Universidades brasileiras investem na pesquisa de produtos, serviços e tecnologias ecologicamente corretas. A UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, procurando soluções para o desperdício de energia criou o projeto “Casa Eficiente”, destacando-se por criarem soluções alternativas e criativas para usar de forma racional os recursos naturais de nosso país.

O Ranking mundial GreenMetric, é um ranking criado para classificar Universidades do mundo inteiro de acordo com o compromisso de cada uma com a sustentabilidade, assim, é um dos principais critérios para as Universidades ao redor do mundo mostrarem que trabalham sem deixar de pensar no Meio Ambiente. A metodologia de classificação depende de cinco categorias, sendo estas Estatísticas Verdes, Energia e Mudanças Climáticas, Gestão de Resíduos, Uso de Água e Transporte. A PUC-Rio foi classificada como a instituição brasileira que mais trabalha pensando no Meio Ambiente, ou seja, a Universidade mais “verde” do Brasil.

Ao trabalharmos cada vez mais com nosso lado social e consciente nas Universidades, não somente estamos deixando o antigo estereótipo de universitários, buscando transformar nossa imagem para melhor diante do Brasil e do mundo, como estamos ajudando na criação de estudantes que no futuro serão indivíduos ativos na sociedade, promovendo desta maneira, um novo costume e uma nova tradição.


Kely Val
Diretoria de Projetos

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