Bauru x Reciclagem

Não precisa ser nenhum especialista para notar as falhas no sistema de reciclagem de lixo na cidade de Bauru. Basta tentar entrar em contato com qualquer membro da prefeitura e perceber que não há organização nenhuma no que diz respeito ao trato dos recicláveis em nossa cidade, e como já dissemos anteriormente em nosso blog a situação é caótica dada a ínfima quantia de lixo reciclável destinado corretamente por aqui: 5% (cinco por cento).

Para tentar melhorar esse quadro o Grupo AGR iniciou o movimento Recicla Bauru (http://grupoagr.blogspot.com/2011/08/projeto-recicla-bauru.html) que vem ganhando força no município e trazendo cada vez mais parceiros que se interessam pelo tema e anseiam pela melhoria dessa questão que abrange saúde pública e respeito ao meio ambiente. Tendo em vista essa relação pouco harmoniosa entre Bauru e o tratamento dos recicláveis, algumas ideias foram surgindo com o intuito de trazer de outras cidades planos que de fato deram certo e incorporá-los à realidade nossa cidade.

Nesse sentido ocorreu na Unesp o 34º Encontro de Catadores de Recicláveis promovido pela própria faculdade e encabeçado pela Incop – Incubadora de Cooperativas Populares e contou com a presença de várias lideranças regionais que são exemplos de como o tratamento correto do “lixo” pode gerar, inclusive, uma margem de lucro substancial. Compareceram ao evento representantes do MNCR – Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis (http://www.mncr.org.br/) que tem por objetivo a “valorização de nossa categoria de catador que é um trabalhador e tem sua importância.” além de “garantir o protagonismo popular de nossa classe, que é oprimida pelas estruturas do sistema social. Temos por princípio garantir a independência de classe, que dispensa a fala de partidos políticos, governos e empresários em nosso nome.”


O movimento é muito forte não só no Brasil, mas também é referência na América Latina e conta com cerca de 400.000 catadores cooperados, com total autonomia e que acreditam na prática da ação popular. Sua estrutura se desenvolve a partir do centro do país com uma Comissão Nacional que ao se articular se divide em comitês estaduais, regionais até chegar às bases.


Durante a apresentação de seus palestrantes pudemos perceber o quanto Bauru está atrasada em relação a municípios menores no que tange à organização e mentalidade dos governantes que em uníssono fazem com que a situação em nosso município seja vergonhosa perante, por exemplo, uma cidade próxima, São Manuel. Usemos números para facilitar o entendimento:

São Manuel = cerca de 40 mil hab. = recicla 70 toneladas de lixo seco/mês

Bauru = cerca de 400 mil hab. = recicla 40 toneladas de lixo seco/mês

Outro problema que afeta Bauru é a presença massiva de "atravessadores" que agem como pontes e compram o papelão - por exemplo - de catadores autônomos pela quantia de R$0,05 (cinco centavos) o quilo quando, se este [o catador] fosse cooperado venderia o papelão por aproximadamente R$0,20 (vinte centavos) o quilo. Mas há um porém: a Cootramat (Cooperativa dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis) não tem nenhum atraente que chame mais associados, pois está em situação terrível. Na cooperativa a lama é tanta que por vezes impede os caminhões de entrarem além do fato de que o teto do barracão está por cair.




Não se pode dizer que a culpa, apesar de grande, é unicamente do secretariado bauruense. Temos de admitir a falta de conscientização de boa parte da população e é por esse e outros motivos que o Grupo AGR, junto à BATRA – Bauru Transparente luta por uma cidade com maior participação, maior prática cidadã para que alcancemos senão completo, razoável bem-estar.

Rodolfo J. N. Garcia
Diretoria de Comunicação

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