A origem da comunicação pública brasileira esta intimamente ligada à comunicação governamental. Porém este tipo de comunicação do governo está freqüentemente relacionado a questões autoritárias e imposições políticas, devido a sua origem de conflitos. As raízes da comunicação governamental no país estão nos anos 30 com a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), órgão que censurava e manipulava a informação transmitida aos cidadãos com o intuito de fortalecer politicamente o governo e também pelo grande período de ditadura militar, com órgãos semelhantes que maquiavam as ações do governo e amedrontavam os cidadãos.
Esse passado de conflitos e imposições dificultou a compreensão do cidadão em relação ao seu papel como indivíduo participante e ativo na sociedade, com a capacidade de transformação do meio em que atua. A comunicação pública, apesar de toda essa origem perturbada, está pautada no desenvolvimento das relações entre cidadão e instituições, sempre com interesses de relevância coletiva e pública. Seus fundamentos estão alicerçados por questões como acessibilidade, democratização, cidadania, transparência, diálogo, ouvidoria, entre outros.
O desenvolvimento da Comunicação Pública no país está relacionando a uma série de fatores políticos e sociais que foram modificados a partir da década de 80. Este período possibilitou aos cidadãos maiores garantias que legitimaram seus direitos e deveres, devido ao fim da ditadura e a promulgação da constituição de 1988. Paralelo a esses acontecimentos constatamos também a transformação do papel do Estado, a criação de novos movimentos sociais, o código de defesa do consumidor, o aprimoramento tecnológico de mídias e a acessibilidade. Todos estes fatores entre outras ações possibilitaram ao cidadão maior contato com o Estado, Governo e outras Instituições.
Esse relativo aumento da participação do povo em questões políticas e governamentais aumentou também a pressão e a fiscalização por parte da sociedade, cobrando assim maior transparência e responsabilidade com o orçamento e atividades desenvolvidas pelo poder público. Esta situação forçou as instituições de caráter publico a criarem novos mecanismos que pudessem atender de forma justa o cidadão, o Estado e as outras Instituições.
Diante de todo esse panorama de relações de poder e política, o desafio da Comunicação Pública é colocar a esfera da sociedade e do indivíduo/cidadão acima de outras instâncias - sejam elas governamentais, privadas, pessoais, midiáticas ou políticas. A estratégia que deve ser utilizada pelo comunicólogo será pautada no diálogo, no emissor ouvinte, na interatividade e compreensão. O profissional que desenvolve a comunicação pública deve presenciar situações em que seu receptor participa, seja um ônibus lotado, entrega de uma vacina, movimentos sindicais, entre outros.
O Comunicador deve desenvolver políticas que informem e mobilizem a população alertando-os de sua responsabilidade como cidadãos. A divulgação deve ser substituída por comunicação mobilizadora e informativa, que neste âmbito público desempenha um papel fundamental de estímulo à população em atividades que envolvam o interesse coletivo e público.
X Semana de Relações Públicas
A Comunicação Pública foi também tema da X Semana de Relações Públicas da Unesp-Bauru, que aconteceu entre os dias 7, 8 e 9 de junho. O evento contou com palestras, oficinas e visitas técnicas. O primeiro dia de palestras trouxe como tema os conceitos da Comunicação Pública, o segundo a atuação do RP nas ONGs e o terceiro e último dia encerrou o evento com a temática Comunicação Governamental.
O Grupo AGR marcou presença na mesa de discussões sobre Relações Públicas e terceiro setor, junto com Viviane Nebó, RP formada na Unesp em 2003. Taís Machado, membro do Grupo, apresentou o trabalho do AGR desde sua criação com o Projeto Revitalização, realizado no bosque do Núcleo Habitacional Presidente Geisel de Bauru, até seus projetos atuais. O enfoque maior foi dado para as ações junto à ONG Batra (Bauru Transparente), da qual fazemos parte desde 2010, atuando como um grupo de trabalho. A integrante comentou também sobre a atuação do grupo junto a outras ONGs da região através do Coletivo Ativista e do plano de incidência política que está sendo desenvolvido pelo grupo para a questão da reciclagem da cidade. Para finalizar, Taís ressalta: “Nosso papel hoje é influenciar e mobilizar novos grupos em Bauru para atuação e modificação da sociedade. Não precisamos esperar nosso diploma para fazer a diferença pela nossa cidade ou por aquilo que acreditamos”.
Ítalo Carvalho
Diretoria de Projetos
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