O mês de setembro, especialmente, revelou notícias e discursos importantes, no que diz respeito à construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte. As construções no Rio Xingu (PA) começaram nesse segundo semestre. Em pouco tempo ficaram evidentes seus aspectos positivos e negativos não só para a população local, como também para toda a área florestal que envolve a região.
Trata-se de uma questão política que envolve aspectos ambientais e sociais. Vê-se claramente, hoje, que o início das obras na região não veio acompanhado de políticas públicas que fossem capazes de atender a população e os problemas que enfrentam diariamente. Uma obra com previsão orçamentária para R$ 20 bilhões (dados do Instituto Socioambiental brasileiro) deveria ter, obrigatoriamente, um acompanhamento do Estado. Porém, o ato da aprovação da construção, no início de 2010 já provava o contrário, segundo o especial Belo Monte, realizado pelo Instituto Socioambiental brasileiro:
Ministério do Meio Ambiente libera Belo Monte sem conhecer os impactos da obra. A licença ambiental para a construção da usina, publicada no dia 1º de fevereiro de 2010, demonstra que questões centrais para avaliar o impacto da obra ainda não estão esclarecidas. Parecer Técnico do Ibama, do final de novembro de 2009 e que não foi disponibilizado na internet, denuncia pressão política da Presidência da República para liberar a obra e indica que os estudos, superficiais, não conseguem prever o que acontecerá com os peixes....e, consequentemente com as pessoas que deles sobrevivem, sobretudo as comunidades indígenas ribeirinhas.
Mas, como a questão econômica sempre tem maior relevância que pontos sociais para o governo, devem-se apontar as novidades desse setor. Na semana passada foi lançada a segunda edição da revista do Fórum Regional de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental da Transamazônica e Xingu (FORT Xingu). A cerimônia de lançamento, que teve divulgação massiva nas mídias, contou com a presença de diversos setores da sociedade civil ao abordarem o tema/titulo da edição “Uma usina de oportunidades”- a discussão pautou-se na construção, nas ações dos empreendedores, nos caminhos para o desenvolvimento regional (espaço de Altamira, pólo regional). Mas ninguém sequer lembrou-se dos lados negativos? Nessa mesma Altamira os casos de violência são frequentes e indignam a sociedade local que vive na zona de ‘perigo’. Em um final de semana do mês passado o saldo foi: onze taxistas presos, um menino morto, uma delegacia invadida e um homem sem orelha. Esse é o significado de uma região que não está pronta para esse crescimento.
E assim prossegue o caso. Belo Monte continua suas obras; o governo se preocupa com o crescimento da economia regional; a criminalidade aumenta, devido à ausência de políticas públicas locais; os indígenas perdem seus espaços para as construções; e a presidente atual do país declara em seu discurso à Assembléia Geral das Nações Unidas que deseja um assento no Conselho de Segurança, mas ignora uma solicitação de outro organismo internacional, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), para que interrompa a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte até que os indígenas sejam devidamente ouvidos. É, os pontos ápices da causa ultrapassam limites!
Mariah Lima
Diretoria de Projetos
2 comentários:
Otima analise da real situacao da construcao da mega usina de Belo Monte. Mercado, economia e os numeros como sempre vem em primeiro lugar, mas entender a dor das pessoas que moram na regiao e os problemas ambientais que serao eternamente lembrados pelo desastre que causara, isso nao eh lembrado. Parabens pelo texto.
Obrigada. Que bom que gostou. Pois é, essa é a lógica do sistema. A economia é prioridade, enquanto isso infinitas famílias sofrem as consequências. Isso sem contar a situação dos índios. Esses muitas vezes são tratados como seres viventes de um mundo paralelo.
Mas se a Usina tá de pé, e está, então tá bom! Como tem chego esse assunto por aí Felipe?(até mesmo nas pautas de produção cinematográfica e artes em geral)
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