Desde o dia 25 de janeiro deste ano, os supermercados paulistas não fornecem mais sacolas plásticas descartáveis aos seus clientes. A medida é um acordo entre a Associação Paulista de Supermercados (Apas) e o Governo do Estado de São Paulo.
Durante todo o ano de 2011 a Apas realizou a campanha “Vamos tirar o planeta do sufoco” com o objetivo de conscientizar a população para o fim da cultura do descarte. Confira vídeo da campanha.
Há pelo menos cinco anos, o tema entrou definitivamente na pauta do setor, considerado um dos que mais distribui as sacolas e o que popularizou o hábito. Muitas foram as ações isoladas de redes de supermercados, que desde então vendem sacolas reutilizáveis, fazem campanha pela redução do consumo das descartáveis, estimulam o uso consciente e o descarte adequado. Essas ações deram certo, mas faltava ao setor organizar-se para dar uma resposta definitiva ao problema, que vem mobilizando a sociedade civil no Brasil e no exterior.
Por exemplo: na África do Sul é proibido distribuir as sacolas desde 2003; nos Estados Unidos, há proibição similar em São Francisco e na Califórnia; na Alemanha, os clientes pagam por cada sacola e só há em circulação as versões compostáveis à base de amido vegetal; países como Bangladesh e Butão também têm restrições ao uso desses produtos; na Bélgica, a indústria que produz os saquinhos é tributada fortemente; na Irlanda o uso é proibido e em Londres, na Inglaterra, é cobrado.
No Brasil, há tentativas de se regulamentar o uso. Em Belo Horizonte (MG), por força de lei, não se pode mais distribuir as sacolas descartáveis em nenhum tipo de comércio. Só circulam as compostáveis e, mesmo assim, são cobradas. Há restrição legal ao uso das sacolas plásticas no Rio de Janeiro desde 2010. A cidade de São Paulo tentou colocar em vigor uma lei proposta pelo prefeito Gilberto Kassab, que teria medidas similares a BH, mas esta foi derrubada pelo Tribunal de Justiça a pedido do sindicato do setor do plástico.
No Estado de São Paulo, no entanto, um projeto piloto já havia sido implantado pela Apas na cidade de Jundiaí em maio de 2011. A entidade procurou a prefeitura, o Procon local, associações de empresários e até escolas e, com apoio dessas lideranças, começou uma campanha de conscientização da população que durou três meses. Ao fim desse período, as sacolas foram retiradas das lojas. Em seis meses, mais de 240 toneladas de resíduos deixaram de ser geradas. Confira aqui pesquisa realizada um ano após a implantação do projeto sobre como os moradores da cidade avaliam seus resultados.
O objetivo do acordo é reduzir o consumo, a produção (por consequência) e o descarte de embalagens descartáveis. Em cidades onde o projeto já foi instituído ou há leis proibindo o uso das sacolas plásticas, houve retração de até 95% no consumo das descartáveis. Em números, isso pode significar reduzir o consumo de sacolas de 450 mil por dia para apenas 15 mil por dia, como ocorreu em Belo Horizonte. Trata-se de uma mudança de hábito tanto dos consumidores quanto dos supermercados. Os que aderiram à campanha podem e devem fornecer aos seus clientes, alternativas, como sacolas reutilizáveis - feitas de lona, de algodão, de plástico reciclado de garrafas PET ou de ráfia, caixas de papelão e sacolas biocompostáveis (vendidas a R$ 0,19, em média).
Cada alternativa tem seus prós e contras - as sacolas biocompostáveis são produzidas a partir de matérias primas renováveis, como milho, mandioca, batata e trigo, são ambientalmente corretas e não poluem o meio ambiente, desde que atendam as exigências técnicas, elas não precisam de aditivos para sua decomposição e não deixam resíduos tóxicos na natureza; as de ráfia são mais baratas que as demais, mas são menos duráveis e não são ecologicamente corretas, pois são feitas do mesmo material das sacolas comuns, porém com espessura maior; as de algodão um pouco mais caras são totalmente orgânicas e se degradam em alguns meses depois de descartadas, desde que sejam de algodão cru – de coloração bege, e, as sacolas de tecido à base de garrafa PET recicladas, duram mais, podem acondicionar produtos úmidos sem problemas, mas custam um pouco mais que similares de outros materiais. Os preços variam normalmente de R$ 1,99 a R$ 13,90.
Essa medida faz parte de um processo de transformação dos hábitos da sociedade para a preservação do meio ambiente. O desafio é encontrar uma maneira de continuar crescendo economicamente, sem que isso represente prejuízo ao meio ambiente. Surge então a dúvida, se você utilizava as sacolinhas para descartar seu lixo e agora terá de comprar sacos de lixo para isso, não acabamos na mesma? Não, a idéia na verdade é nos provocar a procurar alternativas mais sustentáveis para esse descarte.
Primeiramente os sacos de lixo, são utilizados mais racionalmente pelo consumidor, uma vez que há um investimento direto para sua aquisição. Se você morar em prédios opte por lavar as embalagens recicláveis e conservá-las em uma caixa de papelão, descartando-as diretamente no tambor de lixo do prédio, que normalmente já possui um saco. Para recolher a sujeira de seu cachorro utilize jornal. Comprar sacos de lixos feitos de matérias reciclados ou biodegradáveis é outra opção, vale ressaltar que os de coloração azul são similares às sacolinhas retiradas dos supermercados. Portanto, quando for adquirir sacos de lixo, dê prioridade aos de coloração preta, geralmente de material reciclado ou as alternativas sustentáveis – normalmente de cor verde, que utilizam o etanol de cana-de-açúcar como matéria-prima para produzir eteno, que é posteriormente transformado em polietileno, o tipo de plástico mais usado no mundo.
A maioria da população da cidade de São Paulo aprova o fim do uso das sacolas descartáveis gratuitas em supermercados, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta terça feira (31 de janeiro).
Agora resta você escolher a melhor opção e ir às compras. Faça sua parte!
Mayra Gianoni
Diretoria de Projetos
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