A comunicação no processo de organização de grupos

Grande parte das ações desenvolvidas pelos movimentos sociais e grupos do terceiro setor é de mobilização. Sem planejamento, dificilmente uma organização seja ela do primeiro, segundo ou terceiro setor conseguirá promover mudanças capazes de gerar a transformação desejada.

Nós do Grupo AGR em todos os nossos projetos acreditamos que a comunicação surge como base para esse processo de mobilização. O processo comunicacional passa a abranger muito mais do que apenas um objetivo e torna-se participativo. A ação de mobilizar se torna muito mais complexa e abrangente podendo comunicar sentidos, compartilhar expectativas, discutir e construir consensos e estratégias sempre em torno em um mesmo horizonte.

O planejamento do processo de comunicação passa a dividir as responsabilidades do projeto entre os diversos integrantes do processo de mobilização, sendo fundamental que todos se sintam corresponsáveis pelas ações planejadas. Entretanto, os responsáveis pela mobilização devem pesquisar e reconhecer a fundo as características do público no qual estão trabalhando a ponto de pode confiar e incluir todos os envolvidos no processo no planejamento da mobilização.

Um bom exemplo de mobilização que pode ser influenciado e aprimorado pelo planejamento comunicacional é o cooperativismo Popular. Essa é uma política alternativa que incentiva a criação de novas lideranças gerando trabalho e renda. O cooperativismo tem sido aplicado em comunidades carentes e como cidadãos em situação de instabilidade econômica.

O modelo do cooperativismo popular pode ser considerado um processo de mobilização por reunir associados que vivem na exclusão e por possuir um modelo democrático e participativo, voltado mais para o bem comum do que para o lucro. Essas organizações voluntárias aceitam sócios sem restrições, contanto que eles participem ativamente de todas as atividades desenvolvidas pela cooperativa.

O processo de mobilização social pode ser o elemento chave para o cooperativismo popular, pois a mobilização pode se responsabilizar por orientar e viabilizar a criação de grupos devidamente organizados. Dentro do contexto das cooperativas a interação entre um ou mais grupos resulta no surgimento de projetos que trabalham a favor da população e das cooperativas envolvidas. Buscando incentivar a cooperação, não somente dentro do grupo, mas também entre a cooperativa e a sociedade à sua volta, promovendo, dessa maneira, a mobilização e inclusão social.

O Grupo AGR acredita na importância da mobilização social em todos os projetos que está envolvido buscando a emancipação e conscientização dos grupos. Ao demonstrar o sucesso de um trabalho conjunto e efetivo para as comunidades envolvidas a mobilização social deixa de ser um projeto comunicacional e se torna uma opção educacional e ate mesmo de superação para as comunidades. O processo passa a integrar tanto as comunidades como os membros dos
movimentos sociais e grupos do terceiro setor. Exemplificando um processo humano participativo gerado pela comunicação.

Para mais informações sobre Cooperativo Popular assista a reportagem do Globo Repórter: http://www.youtube.com/watch?v=q0z4QNN_gZI

Renan França
Diretoria de Comunicação

Os desafios da Comunicação Pública

A origem da comunicação pública brasileira esta intimamente ligada à comunicação governamental. Porém este tipo de comunicação do governo está freqüentemente relacionado a questões autoritárias e imposições políticas, devido a sua origem de conflitos. As raízes da comunicação governamental no país estão nos anos 30 com a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), órgão que censurava e manipulava a informação transmitida aos cidadãos com o intuito de fortalecer politicamente o governo e também pelo grande período de ditadura militar, com órgãos semelhantes que maquiavam as ações do governo e amedrontavam os cidadãos.

Esse passado de conflitos e imposições dificultou a compreensão do cidadão em relação ao seu papel como indivíduo participante e ativo na sociedade, com a capacidade de transformação do meio em que atua. A comunicação pública, apesar de toda essa origem perturbada, está pautada no desenvolvimento das relações entre cidadão e instituições, sempre com interesses de relevância coletiva e pública. Seus fundamentos estão alicerçados por questões como acessibilidade, democratização, cidadania, transparência, diálogo, ouvidoria, entre outros.

O desenvolvimento da Comunicação Pública no país está relacionando a uma série de fatores políticos e sociais que foram modificados a partir da década de 80. Este período possibilitou aos cidadãos maiores garantias que legitimaram seus direitos e deveres, devido ao fim da ditadura e a promulgação da constituição de 1988. Paralelo a esses acontecimentos constatamos também a transformação do papel do Estado, a criação de novos movimentos sociais, o código de defesa do consumidor, o aprimoramento tecnológico de mídias e a acessibilidade. Todos estes fatores entre outras ações possibilitaram ao cidadão maior contato com o Estado, Governo e outras Instituições.

Esse relativo aumento da participação do povo em questões políticas e governamentais aumentou também a pressão e a fiscalização por parte da sociedade, cobrando assim maior transparência e responsabilidade com o orçamento e atividades desenvolvidas pelo poder público. Esta situação forçou as instituições de caráter publico a criarem novos mecanismos que pudessem atender de forma justa o cidadão, o Estado e as outras Instituições.

Diante de todo esse panorama de relações de poder e política, o desafio da Comunicação Pública é colocar a esfera da sociedade e do indivíduo/cidadão acima de outras instâncias - sejam elas governamentais, privadas, pessoais, midiáticas ou políticas. A estratégia que deve ser utilizada pelo comunicólogo será pautada no diálogo, no emissor ouvinte, na interatividade e compreensão. O profissional que desenvolve a comunicação pública deve presenciar situações em que seu receptor participa, seja um ônibus lotado, entrega de uma vacina, movimentos sindicais, entre outros.

O Comunicador deve desenvolver políticas que informem e mobilizem a população alertando-os de sua responsabilidade como cidadãos. A divulgação deve ser substituída por comunicação mobilizadora e informativa, que neste âmbito público desempenha um papel fundamental de estímulo à população em atividades que envolvam o interesse coletivo e público.

X Semana de Relações Públicas

A Comunicação Pública foi também tema da X Semana de Relações Públicas da Unesp-Bauru, que aconteceu entre os dias 7, 8 e 9 de junho. O evento contou com palestras, oficinas e visitas técnicas. O primeiro dia de palestras trouxe como tema os conceitos da Comunicação Pública, o segundo a atuação do RP nas ONGs e o terceiro e último dia encerrou o evento com a temática Comunicação Governamental.


O Grupo AGR marcou presença na mesa de discussões sobre Relações Públicas e terceiro setor, junto com Viviane Nebó, RP formada na Unesp em 2003. Taís Machado, membro do Grupo, apresentou o trabalho do AGR desde sua criação com o Projeto Revitalização, realizado no bosque do Núcleo Habitacional Presidente Geisel de Bauru, até seus projetos atuais. O enfoque maior foi dado para as ações junto à ONG Batra (Bauru Transparente), da qual fazemos parte desde 2010, atuando como um grupo de trabalho. A integrante comentou também sobre a atuação do grupo junto a outras ONGs da região através do Coletivo Ativista e do plano de incidência política que está sendo desenvolvido pelo grupo para a questão da reciclagem da cidade. Para finalizar, Taís ressalta: “Nosso papel hoje é influenciar e mobilizar novos grupos em Bauru para atuação e modificação da sociedade. Não precisamos esperar nosso diploma para fazer a diferença pela nossa cidade ou por aquilo que acreditamos”.


Ítalo Carvalho
Diretoria de Projetos

Começa o segundo Festival Canja!

Nesta quarta-feira, dia 08, iniciam-se as atividades do 2º Festival Canja. O Festival Canja é um dos projetos do Enxame Coletivo, núcleo de comunicação e fomento cultural bauruense que realiza trabalhos em diversas áreas da cultura com fins de estimular a cadeia produtiva do setor, trabalhando numa perspectiva solidária. O festival é caracterizado por atividades de artes integradas, como por exemplo: shows, espetáculos, intervenções artísticas e mostras de artistas e grupos independentes de São Paulo e de outros estados brasileiros, além de oficinas e debates, com ênfase na área da música, e interface com os segmentos de audiovisual, comunicação livre, artes visuais, literatura e economia solidária.

Confira a programação completa, de 08 a 12 de junho:


#Sustentabilidade - linha temática edição 2011

Como linha editorial ou tema central, “os diversos tipos de Sustentabilidade” surgem como fio condutor, sendo transversal em quase todas as ações do CANJA. A escolha do tema se deve ao processo de produção adotado desde o surgimento do festival em 2010 (produção colaborativa e economia solidária). Também pelo contexto em que o festival se encaixa: cultura independente, articulação de produtores, agentes, artistas, integração de linguagens e desenvolvimento de cadeias produtivas. Dentro deste contexto, o Grupo AGR surge como parceiro para realização de ações voltadas para a sustentabilidade ambiental, gerindo o Canja Verde.





O Canja Verde é uma ação do Festival CANJA que tem o objetivo de trabalhar com palestras, oficinas e outras atividades de cunho ambiental. As ações realizadas irão desde a viabilização de coleta seletiva em todos os locais do evento, captação de lixo eletrônico, compensação de crédito de carbono, realização de oficinas e palestras ligadas ao desenvolvimento sustentável, promoção da “Bicicletada”, até a preocupação em escolher parceiros e patrocinadores preocupados com a respeitabilidade corporativa.

Confira as ações detalhadas do Canja Verde nesta reportagem. E para saber mais sobre o festival, visite o site do Festival Canja.

Participe!

Taís Machado
Diretoria de Comunicação

#Webcidadania

Provavelmente você já deve ter ouvido falar nos conceitos de “web” e “cidadania”. Mas, o que significaria a junção destes dois conceitos? WEBCIDADANIA de maneira simplificada, é o termo utilizado para definir a ação, participação e o posicionamento dos cidadãos no que diz respeito à administração pública e a violação dos direitos cidadãos, através da internet e ferramentas online.

Segundo dados do portal comunicadores.org 8 em cada 10 brasileiros estão presentes em uma rede social. Isso nos permite dizer que cada vez mais as pessoas estão ganhando voz através da web para se expressar, relacionar, criticar e apontar soluções para problemas que envolvam sua casa; bairro; cidade; estado; país; sejam estes problemas sociais, políticos, ambientais ou culturais.

As plataformas e sites webcidadãos possibilitam o livre debate entre os usuários que navegam pela web. Além disso, esses cidadãos podem fiscalizar a administração pública, fazer reclamações, se antenar sobre as manobras políticas, tudo isso em rede e com uma rapidez que nenhum meio até então possibilitou.

É também característica desse movimento a MOBILIZAÇÃO, capaz de atrair e convidar mais grupos e pessoas que antes acreditavam não ter espaço para se expressar a PARTICIPAR e utilizar as ferramentas da web para deixar de lado e combater a postura passiva que muitos ainda possuem perante a má administração dos governantes. O objetivo é claro, (re)construir um país melhor através da participação coletiva e de praticas a cidadãs.

Não deixe de participar deste movimento, hoje existem diversos sites webcidadãos que estimulam o debate sobre a gestão das cidades e que apresentam a visão da população sobre as ações ambientais, sociais, culturais e políticas do Estado. Aqui destacaremos alguns sites com o objetivo de demonstrar as diversas formas e temáticas abordadas pelo movimento da WEBCIDADANIA.

Cidade democrática

Site que permite aos cidadãos e entidades podem se expressar, se comunicar e gerar mobilização para uma cidade cada vez melhor.

Vote na WEB

Reúne os projetos em votação no Congresso Nacional. O internauta pode dar seu voto simbólico e compará-lo com os votos dos políticos

Adote um Vereador

O usuário se registra e escolhe um político para tomar conta. Durante o mandato, o internauta tem o compromisso de postar notícias e questionamentos sobre o vereador.

Movimento Boa Praça


Visa mobilizar as pessoas para revitalizar e ocupar as praças, devolvendo a elas seu sentido inicial: de lugar de encontro, diversão, debate e inclusão.


Para conhecer mais sobre estes e outros sites webcidadãos acesse o portal http://webcidadania.org.br/ , participe! mobilize-se! #WEBCIDADANIA.

Gabriel Gomes

Diretoria Administrativa

III Encontro Coletivo Ativista



Nos últimos dias 20 e 21 de maio, o Grupo AGR participou do 3º e último encontro do coletivo ativista em Ribeirão Bonito, com o tema “Orçamento Público, Comunicação e Mobilização Social e Estratégias de Incidência”. O projeto que teve início em dezembro de 2010 foi estabelecido com o intuito de realizar a mobilização e formação de jovens para incidência política em suas cidades. Os desenvolvedores do coletivo são: Amarribo Júnior, Rede "Sou de Atitude" e Oficina de Imagens, apoiados pela Fundação AVINA.

Reunindo jovens das cidades de Analândia, Águas da Prata, Marília, Ribeirão Bonito e Bauru, o último encontro do projeto fechou um ciclo de etapas para mobilização social. No total das três etapas, foram estudados conceitos sobre a construção da democracia participativa no Brasil, as juventudes no processo histórico, a implementação de políticas públicas, o funcionamento do Estado brasileiro, estratégias de monitoramento político, orçamento público, comunicação para mobilização social, formas de incidência, entre outros.

O primeiro dia do encontro iniciou com uma memória dos encontros anteriores feita pela Nicole Verillo, presidente da AMARRIBO Junior. O diretor executivo da AMARRIBO, Guilherme Haehling, fez também uma contextualização do cenário nacional e internacional da AMARRIBO. Em um segundo momento, foram ministradas as palestras de Marcelo Nerlin (Profº Drº do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP) e Duque Dantas (Coordenador-Geral de Auditorias Especiais da CGU).

Nerlin falou sobre soberania popular e gastos públicos, trazendo reflexões profundas sobre nosso papel como cidadãos e do que nos unifica como nação: a constituição brasileira. Ele conseguiu deixar todos inquietos e com a expectativa de que podemos mudar nosso país. “O Estado não dá conta de tudo. Sou entusiasta do 3º Setor, a sociedade civil precisa se organizar”, frisa. Já Duque Dantas ensinou-nos sobre Ciclo Orçamentário, detalhando as possibilidades de incidências em suas leis (PPA, LDO e LOA) e do controle das ações governamentais através das mesmas.

No segundo dia Arthur Massuda, da ONG artigo 19, falou sobre participação social e direito à informação e Rafael Lira, Secretário da Juventude Batista do estado de SP, trouxe uma reflexão para os participantes sobre Comunicação, mobilização social e webcidadania. Pedro Sérgio Ronco, membro da AMARRIBO, também falou da importância da comunicação para mobilização social.

Para fechar o encontro, foi realizada uma plenária para cada grupo apresentar os planos de incidência que estão sendo realizados em suas cidades. Com certeza, um dos momentos mais enriquecedores e emocionantes do encontro! Ver as sementes que estão sendo plantadas em Analândia, Águas da Prata, Marília, Ribeirão Bonito e Bauru foi motivador para fazer com que nós, Grupo AGR e demais jovens presentes, pudéssemos ter cada vez mais força para lutar por uma sociedade melhor. Os monitoramentos apresentados por cada grupo, abrangendo as áreas de turismo, saúde, meio ambiente, cultura, esporte e lazer, demonstraram que é possível fazer a diferença pelas nossas cidades e país. Este pode ter sido nosso último encontro como coletivo ativista, mas com certeza não de nosso trabalho - daqui pra frente aguardaremos os frutos desta mobilização!

Quer saber mais? Confira como foi o 1º Encontro do Coletivo Ativista, em dezembro de 2010, e o 2º Encontro, em Fevereiro de 2011.


Taís Machado
Diretoria de comunicação